O conceito de pobreza energética pode ser definido, de uma forma muito sumária, como a incapacidade financeira das famílias para manter as suas casas quentes no inverno. Regra geral esta situação decorre da falta de rendimento e do elevado preço da energia. Originalmente, deriva da tradução de Fuel Poverty surgida no Reino Unido na década de 70, onde começaram as primeiras preocupações com o assunto como consequência da crise energética. De acordo com as conclusões do grupo de trabalho responsável pelo estudo EU Survey on Income and Living Conditions, Portugal, Grécia, Itália e Espanha são os países europeus mais vulneráveis a este fenómeno.
Outras evoluções do conceito têm surgido, nomeadamente precariedade energética ou vulnerabilidade energética no sentido de incorporar outras dimensões, para além da estritamente monetária, nomeadamente a falta de qualidade da envolvente térmica face à inexistência de isolamento e à deficiente exposição solar bem como à ineficiência dos sistemas de aquecimento ou à indisponibilidade, mesmo em meio rural, de acesso ao recurso lenha. Infelizmente a pandemia associada à COVID-19 em nada veio ajudar pois no seu pico e em virtude da elevada quebra dos consumos energéticos a nível mundial os preços baixaram, comprometendo a rentabilidade das explorações de petróleo e gás natural. Agora, com a generalização dos desconfinamentos, os consumos aumentaram de forma súbita pelo que o mercado se tem revelado incapaz de dar resposta sendo expectável que a pobreza energética venha a agravar-se com o aumento do preço da energia, em especial com a chegada do inverno.
Envie um comentário
Últimos Comentários