O Intergovernmental Panel on Climate Change, o IPCC, foi criado em 1988, pelas Nações Unidas, com o objetivo de fornecer, aos decisores políticos, informação científica relativa às alterações climáticas, suas implicações e riscos, bem como, apontar soluções para a sua mitigação.

A 4 de novembro de 2016, o Acordo de Paris entra em vigor, após ter sido ratificado por 55 países responsáveis por 55% das emissões mundiais de Gases de Efeito de Estufa (GEE). Este novo acordo visa limitar, o aumento da temperatura média da Terra, a um valor "bem abaixo" dos 2°C, acima dos valores da época pré-industrial, tentando limitá-lo a 1.5 °C.

Em outubro de 2018, o IPCC, divulgou um relatório que destaca que as medidas que os países se comprometeram a tomar e as metas que pretendem alcançar, sob o Acordo de Paris, não são suficientes para limitar o aquecimento a 2°C, muito menos 1.5°C. Acrescenta ainda que permitir que as temperaturas globais subam 2°C acima dos níveis pré-industriais terá consequências devastadoras, incluindo a perda de habitats naturais e de espécies, a diminuição de calotas polares e o aumento do nível do mar. O IPCC indicava que seria necessária uma redução de 45% nas emissões totais de GEE, até 2030 e de 100% até 2050, ou seja, do Acordo Paris deveria resultar, em 2050, a neutralidade carbónica.

Até aqui nada de novo. Ainda estamos em 2021, faltam 9 anos para 2030, é cedo para avaliar se estamos a cumprir o acordado… Sim, poderíamos dormir descansados mas, no dia 9 de agosto de 2021, o IPCC, revelou que, as alterações climáticas estão a acelerar, em vez de estarem a abrandar, e que já não importa as medidas que decidamos, finalmente, implementar. Em 2040, a temperatura média do Planeta vai mesmo alcançar um aumento de cerca de 1.5°C, relativamente ao valor da temperatura da era pré-industrial, e o nível das águas do mar vai continuar a aumentar durante muito anos já que muito do que nós fizemos é irreversível.

As alterações climáticas não vão acontecer no futuro. Já cá estão e todos nós, de uma forma ou outra, já as sentimos ou presenciámos: vagas de calor, incêndios florestais, secas, chuvas torrenciais, cheias e inundações, degelo, subidas do nível do mar.

E desengane-se quem julga que estes eventos acontecem lá longe, do outro lado do Planeta, onde vivem "os desgraçados a quem só faltava mais esta” porque não é verdade. Neste verão tivemos oportunidade de as ver na Alemanha, na Grécia, na Rússia, nos EUA, Canadá, países do primeiro mundo, aquele grupo que, verdadeiramente, contribuiu para a situação em que nos encontramos, e que ainda assim não estão preparados para combater os seus efeitos.

E é só por isto que se fala tanto do IPCC.