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COP26: a vigésima sexta oportunidade

COP26: a vigésima sexta oportunidade

04/11/2021 por Petra Vaquero

“… toda a gente continua a dizer que as alterações climáticas são uma ameaça existencial e que são o assunto mais importante de todos. Mas, apesar disso, continuam a agir como antes."

Greta Thunberg , 24 de novembro de 2018

Nos últimos dias é quase impossível assistir televisão, ler um jornal ou navegar nas redes sociais sem ser confrontada/o com a COP26. Mas, afinal, o que é que isto quer dizer? O que é assim tão importante que mereça a atenção de todos e faça com que até os grandes líderes mundiais se desloquem a Glasgow? Tendo em conta o que foram os anos de 2020 e 2021, eu diria que temos duas hipóteses: a COVID19 ou as alterações climáticas. 

De facto, a COP é sobre as alterações climáticas e significa Conferência das Partes, onde as Partes são os 196 países e a União Europeia, signatários, em 1994, da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Desde então já se realizaram 25 conferências como a que decorre agora, a COP26. As decisões da COP são coletivas e só podem ser adotadas se forem aceites, de forma unânime, por todos os países, sendo soberanas e comuns a todos os signatários.

Mas, nem todas as COP foram tão importantes e despertaram tanta atenção como a que decorre agora na Escócia. As mais relevantes, e que poderiam ter sido decisivas no controlo do Aquecimento Global, foram:

  • a COP3, em 1997, onde foi ratificado o Protocolo de Quioto com o grande objetivo de, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos que ratificaram o acordo e responsáveis por cerca de 55% das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE), reduzissem, em média, essas emissões em 5.2%, face aos valores de 1990. Analisando os dados da Emissions Database for Global Atmospheric Research - EDGAR, as emissões mundiais de dióxido de carbono, o mais relevante dos GEE, aumentaram cerca de 18%, entre 2005 e 2012, e cerca de 56% relativamente aos valores de 1990;
  • a COP21, que decorreu em 2015, e onde se estabeleceu o Acordo de Paris que visa limitar o aquecimento global a um valor "bem abaixo" dos 2°C, tentando limitá-lo a 1.5 °C. Como já escrevi num post anterior, este objetivo já está ultrapassado, no dia 9 de agosto de 2021, o IPCC revelou que em 2040, independentemente do que fizermos hoje, a temperatura média do Planeta vai mesmo alcançar um aumento de cerca de 1.5°C.

Percebe-se então o porquê de tanto interesse na COP26. Se as Partes não chegarem, rapidamente, a um acordo que garanta que, em 2030, as emissões de GEE reduzem, pelo menos, para 50%, o aumento de temperatura vai ser superior a 1.5 ºC e a Vida na Terra para as próximas gerações tornar-se-á muito complicada, se não mesmo impossível. E este é apenas o primeiro objetivo. Em 2050, temos de atingir a neutralidade carbónica e países como a Índia, o 3º maior poluidor do mundo, já declararam que só o conseguirão em 2070.

Vale a pena pensar nisto e prestar atenção à COP26 e aos nossos atos do dia-a-dia.

No fim de contas, as próximas gerações são os nossos filhos, sobrinhos e netos. Imagine-os à beira de um precipício.

Vai salvá-los ou empurrá-los?

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Maria Manuela Ferreira

Concordo que as consequências das alterações climáticas têm sido muito debatidas, sendo alvo de grande preocupação por parte de toda a comunidade internacional. Sem dúvida que elas me preocupam também e, atrevo-me a afirmar que as alterações do clima terrestre constituem o maior desafio que a Humanidade enfrenta, sendo urgente o envolvimento e esforço de todos na resolução deste problema, para que possamos salvar nossos filhos e netos!